segunda-feira, 24 de março de 2008

O Poeta Rogaciano Leite

Todos da Família Leite temos imenso orgulho em ter como um dos membros do clã, o poeta repentista Rogaciano Leite. O Aedo do Pajéu das Flores, além de bom poeta, foi notável jornalista e advogado.
Recebi de Dondon Leite um folheto de Paulo Cardoso, que contém, daquele bardo, um poema-carta, feito de improviso, no qual faz cobrança de seus devidos honorários, por matérias suas publicadas em um jornal para o qual trabalhava.
Chorei de ri lendo a inédita cobrança. Vejamos:

“São Paulo, 3 de janeiro
Do ano que vai passando.

Meu amigo Alcides Lopes,
Ponha ao lado os envelopes
e vá logo me escutando:
Desejo para o amigo
Um ano novo feliz,
cheio de tanta ventura
que um verso escrito não diz.

Quero que a vida sorria,
Que goze muita saúde,
Que ganhe bastante dinheiro,
que Deus na terra o ajude.

Mas, escute, velho amigo,
o que eu lhe quero dizer:
Já não tenho o que fazer
Com “seu” doutor Marroquim,
Pois na sua vida boa,
nunca se lembra de mim.

Desde janeiro passado
Que o Jornal tem publicado
As produções que remeto...
E enquanto isso se publica
O poeta velho aqui
cansado, chupando o dedo...

Vinte produções mandadas
foram aí publicadas
até com fotografias...
E enquanto eu gasto em retratos,
vejo (ai senhores ingratos)
Minhas “gibeiras” vazias.

Peça a “nota” ao Marroquim
e sapeque para mim
um cheque de lá prá cá.
A vida aqui é espeto!
e nas farras que eu me meto
coisinha pouca não dá.

..................................

“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
A venta do Nascimento
tão lustrosa e tão cumprida
Neto, profeta pacífico
a traduzir o inglês...
O Sólon lendo o Evangelho
comungando todo mês...

O Hildebrando, alagoano,
com aqueles olhos vermelhos...
O Campelo nos seus “porres”
por mais que venham conselhos...

O Gilberto com seus dentes
Supostos, à flor da boca...
E o Romildo trabalhando
que é mesmo uma coisa louca!

O Andrade Lima escrevendo
com aquele queixo empinado...
E o Leitão...aí, quanto esporro
Nessa turma ele tem dado...

Marroquim na sua pose
“pega” quem sobe e quem desce;
com aquela cara de santo
come tudo que aparece...

Altamiro, o infant-gate
das morenas da cidade,
escreve lá seus purismos
com requintada vaidade.

Oh! que saudades eu tenho
dos tempos que lá se vão,
quando eu empurrava em versos
um vale para o Leitão!...

Meu caro Alcides, socorra
este náufrago infeliz!
Não deixe que aqui eu morra
Só esfregando o nariz!

Receba ainda os meus votos
para um felicíssimo ano!
Remeta o cheque depressa.
Passe bem. Rogaciano.”

Rádio Cultura – Avenida São João, 1285 – São Paulo.

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